Phillipe Ariès (autor da frase que intitula esta postagem) foi um historiador que, entre muitos trabalhos, teve destaque ao falar sobre a morte - uma ausência dominante, que esvazia o mundo. Em O ano do pensamento mágico, a escritora Joan Didion nos faz sentir, a partir de um plural de lembranças e reflexões, esse vazio, essa ausência. O livro é um registro das memórias do primeiro ano sem o seu companheiro de décadas, o também escritor, John Gregory Dunne - que morreu devido a um ataque cardíaco fulminante, em 30 de dezembro de 2003.
"Somos seres mortais imperfeitos, conscientes dessa mortalidade mesmo quando a negamos, traídos por nossa própria complexidade, tão incorporada que quando choramos a perda de seres amados também estamos chorando, para o bem ou para o mal, por nós mesmos. Pela perda daquilo que éramos. Do que não somos mais. Do que um dia não seremos de todo" (p. 207).
"Sei por que tentamos manter vivos os mortos: tentamos mantê-los vivos para que permaneçam conosco.Também sei que, se quisermos viver, chega um momento em que temos que nos libertar dos mortos, deixá-los ir, deixá-los mortos" (p. 235).