O primeiro canto

O primeiro canto

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

"Eu sei por que o pássaro canta na gaiola"

                            
                                                                 Simpatía
Paul Laurence Dunbar

Sé cómo se siente el pájaro enjaulado, ¡ay!
Cuando el sol es brillante en las laderas de montaña;
Cuando el viento agita la hierba brota,
Y el río fluye como una corriente de vidrio;
Cuando el primer pájaro canta y el opes primer brote,
Y el suave perfume de su cáliz roba ~
Yo sé lo que el pájaro enjaulado se siente!
Yo sé por qué el pájaro enjaulado golpea a su ala
Hasta que su sangre es de color rojo en las barras crueles;
Porque es necesario que volar de vuelta a su percha y se aferran
Cuando él de buena gana sería en la rama un columpio;
Y el dolor aún palpita en sus viejas cicatrices, viejas
Y el pulso de nuevo con la picadura de una más intensa ~
Yo sé por qué el pájaro enjaulado golpea a su ala
Yo sé por qué canta el pájaro enjaulado, ay de mi,
Cuando el ala está herido y su dolor de pecho, ~
Cuando él le pega a su bares y sería libre;
No es un villancico de alegría o regocijo,
Sin embargo, una oración que envía de su corazón núcleo profundo,
Sin embargo, una excepción al cielo que arroja ~
Yo sé por qué el pájaro enjaulado canta!


"Ainda assim eu me levanto"- Maya Angelou


 Você pode me riscar da História
Com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.
Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui
Riquezas dignas do grego Midas.
Como a lua e como o sol no céu,
Com a certeza da onda no mar,
Como a esperança emergindo na desgraça,
Assim eu vou me levantar.
Você não queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos para o chão?
Ombros caídos como as lágrimas,
Minh’alma enfraquecida pela solidão?
Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim
Porque eu rio como quem possui
Ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas,
Dilacerar-me com seu olhar,
Você pode me matar em nome do ódio,
Mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.
Minha sensualidade incomoda?
Será que você se pergunta
Porquê eu danço como se tivesse
Um diamante onde as coxas se juntam?
Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto
De um passado enraizado na dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, profundo na fé,
Crescendo e expandindo-se como a maré.
Deixando para trás noites de terror e atrocidade
Eu me levanto
Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

"Somos um breve pulsar em um silêncio antigo com a idade do céu..."


No rastro da Lua cheia...


Livros e Livrarias


A triste despedida das livrarias 

POR MARCOS LISBOA
(Presidente do Insper)

A casa da minha infância parecia-me interminável. Quadros e esculturas esparramavam-se pelas paredes e pelo chão. 
As pinturas dos amigos dos meus tios conviviam com surpresas em cada canto, da fotografia de um garoto segurando o bico de um ganso a um presépio de madeira que comovia pela brutalidade.
O corredor e o escritório, por sua vez, eram dominados por incontáveis livros de cima a baixo. Havia um pouco de tudo, das tragédias gregas aos livros que perverteram a geração anterior, como os romances de Joyce e Dostoiévski.
Aqui e acolá, alguns escritores brasileiros, como Graciliano e Guimarães.
Criança, deitava-me no chão do corredor, acolhido no meio da tarde pelos livros desorganizadamente deitados nas prateleiras, preferindo os contos de Borges.
Foi minha madrinha que me revelou o incrível universo paralelo das livrarias. Deu-me de presente, talvez aos 12 anos, crédito para adquirir livros na mágica Leonardo Da Vinci, no centro do Rio, e suas estantes intermináveis.
As livrarias tornaram-se o meu mosteiro. É para lá que vou depois de uma reunião incômoda ou qualquer outra razão que me tenha atravessado o dia. Escolher um livro é flertar uma amizade. Há a conversa de salão das orelhas e da contracapa, mas relações profundas requerem o convívio das páginas, muitas vezes decepcionante. Eventualmente, porém, somos iluminados por descobertas sublimes.
As religiões apenas prometem a verdade sobre o nosso cotidiano e o além, enquanto alguns livros despejam um novo universo. Dos criadores prefiro, desde a infância, aqueles que utilizam máquinas de escrever.
Jovem adulto, achava que as igrejas iriam desaparecer oprimidas pela contagiante liberdade permitida aos livros e às escolhas individuais. Os diversos deuses e suas muitas certezas cansavam-me pela sua intolerância em meio à pretensa poesia dominada por mau português.
As minhas divindades eram Beckett e Tchekhov e os meus demônios incluíam Celine, cercados pela sátira paranoica de Pynchon ou pelo encanto de Bulgákov. A leitura irresponsável permite meu afeto por Vonnegut Jr., afinal as livrarias defendem, inclusive, a maior das ofensas, o prazer com a literatura de segunda.
Na minha sacristia pagã há Natsume Soseki e seus filhos japoneses melancólicos, em meio à prosa impecável de Coetzee e à imperfeita de Philip Roth.
Há, sobretudo, a elegia de Machado à culpa interminável sobre o amor talvez destruído pelo ciúme doentio. O meu Adão há muito tem sido Dom Casmurro.
Segundo os crentes, Deus pode muito, inclusive nos permitir assistir à nossa própria morte. Aos poucos, melancolicamente, vão-se as livrarias.
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